Office 19 - A História da Moeda e do Dinheiro no Mundo e no Brasil

Fonte: Staff Investimentos / Texto: Abrantes F. Roosevelt



A História da Moeda e do Dinheiro no Mundo e no Brasil


As primeiras moedas com a finalidade pecuniária registrada na história da economia da humanidade, reconhecidas como título de valor, como as conhecemos hoje, cunhadas em peças representando valores, geralmente em metal, surgiram na Lídia, na atual Turquia, no século VII A. C na região que agora compreende o continente asiático.

As principais características que ressaltam o processo de confecção destas moedas na antiguidade, estão intimamente vinculadas as formas, aos meios e os modos de produção primariamente conduzidas por ferreiros em uma sociedade que dominava habilmente os metais e as suas ligas e outros elementos da natureza oriundas neste processo social. Um desenvolvimento único e peculiar da história das trocas de mercadorias que possibilitou a sua necessidade e valor.

A produção de uma moeda permite a transferência de imagens em um ritual primitivo muito exógeno, transportada para as peças através da pancada de um objeto pesado como o martelo para reproduzir as insígnias que representariam um sistema, um povo, um governo ou um governante. Este tipo de confecção deveria comportar e transmitir na face e na contra face de uma mesma moeda, o ideal de poder e riqueza de uma determinada civilização. Uma tarefa que nem sempre produzia moedas perfeitas, lineares, homogenias e com a mesma resistência. Este modo de produção é o que chamamos hoje de cunhos primitivos de fabricação.

Foi o surgimento desta cunhagem a martelo, onde os signos monetários eram valorizados também pela nobreza dos metais empregados, como o ouro e a prata. Fatores que levaram as moedas a terem destaque de valor e prestigio em várias sociedades e civilizações do mundo, algumas contando e documentado até a sua história e o seu registro pela terra.

A história da moeda está fortemente ligada à história do dinheiro e das trocas comerciais, especialmente no que diz respeito à passagem de uma economia baseada na troca direta para outra baseada na troca indireta, também chamada de monetária. A moeda surgiu em diversas civilizações, com diversas formas de representação do valor monetário. Entre elas podemos reconhecer as conchas, o sal, o ouro, a prata e etc.

Em uma significação mais estrita e concisa, a palavra moeda refere-se à aparição de pedaços de metal estilizados e cunhados por uma instância governativa. A função das moedas metálicas e, posteriormente, do papel moeda, tem a aplicabilidade de facilitar as trocas comerciais. Foram exatamente estas trocas comerciais que motivaram o surgimento do escambo, da moeda, da moeda privada, da Notafilia, da Numismática e de outras formas de moedas de trocas.

A história da civilização nos conta que o homem primitivo procurava defender-se do frio e da fome, abrigando-se em cavernas e alimentando-se de frutos silvestres, ou do que conseguia obter da caça e da pesca. No entanto, decorrendo o longo dos séculos, com o desenvolvimento da inteligência, a espécie humana passou a sentir a necessidade de maior conforto e a reparar nos seus semelhantes. Em decorrência das necessidades individuais, surgiram as trocas.

A origem do dinheiro também segue a mesma linha de compreensão das trocas de mercadorias e da moeda. O homem depois que deixou de ser nômade, passar a ser sedentário, fixasse em um determinado território e com esta ocupação geográfica, passa a produzir alimento e produtos, isto gera excedentes, fatos que levam os homens a trocarem os seus diferentes produtos em busca de uma melhor forma de viver e de sobreviver no mundo que se transforma com o aumento da população e das guerras.


Cifras Monetárias

 

Tipos de Cifras Monetárias

 

Cifras

Especificação

01

o

Moeda

02

$

Escudo Cabo-Verdiano, Peso Argentino, Peso Chileno, Peso Dominicano, Dólar da Guiana, Dólar da Jamaica, Boliviano.

03

Euro

04

¥

Iene, Iuane

05

£

Libra Esterlina

06

Won

07

Novo Shekel Israelense

08

Lira Turca

09

Q

Quetzal

10

L

Lempira

11

Colón

12

Naira

13

Guaraní

14

Ø

Libra Argentina

Fonte: Internet / Imagem: Tipos de Cifras de Moedas Existentes no Mundo


Esse sistema de troca direta, que durou por vários séculos, deu origem ao surgimento de vocábulos como “salário”, que era o pagamento feito através de certa quantidade de sal; ou da “pecúnia”, do latim “pecus”, que significa rebanho (gado) ou “peculium”, relativo ao gado miúdo (ovelha ou cabrito).

Observamos que embora a evolução da passagem do tempo tenha levado à substituição do ouro e da prata por metais menos raros ou suas ligas, as comunidades humanas (sociedades) preservaram com o passar dos séculos, a associação dos atributos de beleza e expressão cultural ao valor monetário das moedas, que quase sempre, na atualidade, apresentam figuras representativas da história, da cultura, das riquezas e do poder das sociedades.

A grande necessidade de guardar as moedas em segurança deu surgimento aos bancos. Os negociantes de ouro e prata, por terem cofres e guardas a seu serviço, passaram a aceitar a responsabilidade de cuidar do dinheiro de seus clientes e a dar recibos escritos das quantias guardadas.

Esses recibos conhecidos como “goldsmith´s notes” passaram com o tempo a servir como meio de pagamento por seus possuidores, por serem mais seguros de portar do que o dinheiro vivo. Foi desta forma que surgiram as primeiras cédulas de “papel moeda”, ou cédulas de banco, ao mesmo tempo em que a guarda dos valores em espécie promovia a origem das instituições bancárias.


Símbolos Monetários Compostos

 

 

Lista de Símbolos Monetários Compostos

 

Símbolo

Moeda

01

R$

Real brasileiro

02

Mex$

Peso mexicano

03

$MN

Peso cubano

04

Coroa checa

05

US$

Dólar dos Estados Unidos

06

C$

Dólar do Canadá

07

NZ$

Dólar da Nova Zelândia

08

A$

Dólar da Austrália

09

HK$

Dólar de Hong Kong

10

Bs

Bolívar venezuelano

11

Rp

Rupia

12

CFA

Franco CFA

13

Fr

Franco suíço

14

Kz

Kwanza

15

kr

Coroa sueca

16

Złoty

17

Ft

Florim húngaro

18

COP

Peso Colombiano

19

S/.

Sol Peruano

Fonte: Internet / Imagem: Lista de Símbolos Monetários Compostos


Os primeiros bancos reconhecidos oficialmente surgiram, respectivamente, na Suécia, em 1656; na Inglaterra, em 1694; na França, em 1700 e no Brasil, em 1808. A palavra “BANK” veio da italiana “banco”, peça de madeira que os comerciantes de valores oriundos da Itália e estabelecidos em Londres usavam para operar seus negócios no mercado público londrino.

O dinheiro é comumente reconhecido como um meio de troca aceito no pagamento de bens, serviços e dívidas. Neste entendimento a moeda serve para mensurar o valor relativo que algum tipo de riqueza ou serviço possui. O preço de cada mercadoria é atribuído por meio de um número específico de moedas ou cédulas que demarcam a quantidade a ser paga por esse bem. No entanto, nem sempre uma única moeda serve de referência para uma mesma localidade.

Mesmo trazendo maior mobilidade para o empreendimento de transações comerciais, a moeda não é usada em todas as economias do mundo. Diversas sociedades e regiões preservam o uso da troca em sua economia. De forma geral, os produtores inseridos neste tipo de economia utilizam dos excedentes de sua produção para estabelecerem alguma forma de escambo. Ao longo do tempo, a diversificação dos produtos dificultou a realização desse tipo de troca natural.

Foi nesse contexto que os primeiros tipos de moeda começaram a ser estipulados. Geralmente, para estabelecer algum padrão monetário, os comerciantes costumavam utilizar algum tipo de mercadoria de grande procura. Na Grécia Antiga, o boi que era chamado pekus, foi utilizado como referência nas trocas comerciais. Uma outra mercadoria comumente utilizada foi o sal, que foi usado como moeda entre os romanos e etíopes.

O metal passou a ser utilizado por algumas culturas na medida em que o mesmo começou a ganhar espaço na cultura material desses povos. O fácil acesso, o apelo estético e as facilidades de mensuração e transporte fizeram dele um novo tipo de moeda. Em um primeiro momento, os metais utilizados no comércio eram usados “in natura” ou sobre a forma de objetos de adorno como os anéis e braceletes. Foi só mais tarde que o metal passou a ser padronizado para fins comerciais.

A cunhagem padronizada de moedas fez com que as peças de metal tivessem um grau de pureza e uma pesagem específica. Além disso, as medas sofreram um processo de cunhagem onde a origem da moeda e a representação de algum reino ou governante ficariam registrados. Uma das mais antigas moedas com o rosto de um monarca foi feita em homenagem ao rei macedônico Alexandre, O Grande. As reuniões dessas informações fizeram com que estes artefatos servissem de fonte de investigação histórica.

As primeiras ligas metálicas utilizadas na fabricação de moedas foram o ouro e a prata. O uso desses metais se justifica por seu difícil acesso, a beleza de seu brilho, a durabilidade de seu material e sua vinculação com padrões estéticos e religiosos de uma cultura. Entre os babilônios, por exemplo, prata e ouro eram relacionados com a adoração da lua e do sol, respectivamente.

Ao longo dos séculos, a requisição de jazidas de ouro e de prata para a fabricação de moedas acabou se tornando cada vez mais difícil. Por isso, o papel moeda acabou ganhando maior espaço no desenvolvimento das transações comerciais. Na Baixa Idade Média, a falta de moedas motivava os comerciantes das feiras a utilizarem letras de câmbio para o estabelecimento de alguma negociação.

Atualmente as moedas são mais utilizadas para o pagamento de quantidades de baixo valor. A perda de espaço para o papel-moeda fez com que as moedas metálicas agora fossem mais valorizadas por sua durabilidade do que por sua beleza. O rápido processo de circulação de valores e a complexidade das economias cada vez mais integradas, fizeram com que as moedas fossem substituídas por outras formas de pagamento, como o cheque e o cartão de crédito.

Mesmo notando todas essas transformações no uso das moedas, não podemos considerá-la uma vítima de um processo de “evolução natural” da história econômica. Cada tipo de lastro econômico foi criado conforme as necessidades geradas por certa cultura ou sociedade. Não podemos dizer que as moedas desaparecerão da economia com o passar dos tempos.

O dinheiro no Brasil Colônia (1500-1822) teve um papel primordial na consolidação do estado imperial português no brasil. Tendo o pau brasil com uma das primeiras moedas de troca ocorrida em nosso país.

O dinheiro no Brasil Império (1822-1889), ocorreu, entretanto, quando D. João VI voltou para Portugal, levou consigo, não somente a Corte, mas também o tesouro nacional. Um golpe grave as reservas bancárias da Colônia que se reduziram a 20 contos de réis ou 2 mil réis. Passou-se a emitir papel-moeda sem lastro metálico suficiente, o que ocasionou a progressiva desvalorização do dinheiro.

Quando D. Pedro I se tornou imperador do Brasil em 1822, encontrou os cofres vazios e uma enorme dívida pública. Sob o governo de D. Pedro II a situação melhorou um pouco, principalmente devido à produção cafeeira, fato que alavancou expressivamente as finanças do império e colocou o Brasil novamente nos eixos do mercantilismo da monocultura mundial.

O primeiro dinheiro a circular no Brasil foi a moeda-mercadoria. Durante muito tempo, o comércio foi feito por meio da troca de mercadorias, mesmo após a introdução da moeda de metal. Mas a primeira "moeda" brasileira de fato foi o açúcar, que, em 1614, passou a valer como dinheiro por ordem do governador Constantino Menelau. O fumo, o algodão e a madeira também eram muito utilizados com essa função.

As primeiras moedas metálicas de ouro, prata e cobre, chegaram com o início da colonização portuguesa. A moeda portuguesa, o real, foi usada no Brasil durante todo o Período Colonial. Neste entendimento, tudo se contava em réis, plural popular de real.

O dinheiro vinha de Portugal, mas sua origem verdadeira era a Espanha, muito mais rica em reservas metálicas devido à maior abundância de ouro e prata em seu império. Houve no Brasil até uma época durante a dominação de Portugal pela Espanha, ocorrida entre 1580 a 1640 em que a moeda utilizada na Colônia brasileira era o real hispano-americano, cunhado na Bolívia.

Em 1624, a Holanda invadiu pela primeira vez o Nordeste brasileiro. Sob seu domínio, foi realizada a primeira cunhagem de moedas em território nacional. Quadradas, pequenas, feitas em ouro e prata, elas surgiram em Pernambuco, em 1645.

As primeiras moedas cunhadas no Brasil, os florins foram fabricados em ouro pelos holandeses, quando ocuparam o Nordeste brasileiro entre 1630 a 1654. As casas fabricantes de moedas foram criadas por aqui à medida que as cidades e estados foram desenvolvendo-se e necessitavam de dinheiro. As primeiras fabricas de moedas do brasil, foram a Casa da Moeda da Bahia, seguida pelas do Rio de Janeiro, Pernambuco e Minas Gerais.

Quando a Corte portuguesa veio para o Rio de Janeiro por conta das Guerras Napoleônicas, o crescimento dos gastos por causa de sua presença e a falta de metal precioso levaram à necessidade de emissão de moeda de papel para atender ao comércio. Criou-se neste momento, o Banco do Brasil, e, em 1810, foram lançados os primeiros bilhetes de banco no país.

Oficialmente, o Real tornou-se a moeda brasileira no dia 1º de julho de 1994, criada durante o governo de Itamar Franco, que tinha como ministro da fazenda Fernando Henrique Cardoso. A partir de 1º de julho de 1994, foi colocada em marcha a fase final do plano e a URV foi substituída pelo real. Apesar do Real está passando por um período de valorização, é atualmente a moeda que mais teve estabilidade e valorização real na história do Brasil.


Abrantes F. Roosevelt, 09 de Fevereiro de 2021


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